20.7.06

Estoicismo

Tu que não crês,nem amas,nem esperas,
Espírito de eterna negação,
Teu hálito gelou-me o coração
E destroçou-me da alma as primaveras...

Atravessando regiões austeras,
Cheias de noite e cava escuridão,
Como num sonho mau,só ouço um não,
Que eternamente ecoa entre as esferas...

-Porque suspiras,porque te lamentas.
Cobarde coração?Debalde intentas
Opôr à sorte a queixa de egoísmo...

Deixa aos tímidos,deixa aos sonhadores
A esperança vã,seus vãos fulgores....
Sabe tu encarar sereno o abismo!

Antero de Quental " Sonetos"

6 comments:

mitro said...

Depende do abismo!

Anonymous said...

:)

Hugo Pereira said...

O poema não têm muito a cerca exactamente do estóicismo, porém, ele é contra o determinismo na vida e neste poema, daí talvez o tópico. eu gosto muito do Antero!! beijos, PAZ!

musalia said...

...lembro-me do retrato pintado por Columbano...e esse abismo só pode ser a morte...

beijos.

Anonymous said...

venho deixar-te um beijo meu*

ricardo said...

só espero que o abismo resvale nas ondas suaves do imenso oceano! e que através delas chegues a terra e encontres o prazer de ser feliz!

um beijo (e boas férias!)