23.12.08

Máscara


Máscara aqui me estou
Aqui me estaco
Me defronto
E me desfoco
Metamorfose adiada de mim
Casulo
Crisálida
Dádiva incompleta
Esboço

Máscara aqui me estou
À espera de que o tempo se cumpra
Inquieto neste desejo de nascer
Renovado

Máscara de estanho
Intrusa que me cobre o rosto
Rosto divino de estátua jacente
Em pedra branca
Fria
Sem os veios sanguíneos do mármore
Que me correm no corpo
E se desfazem no choque diário
Contra a roda de fogo
Grego
Que me trespassa a transparência – vidraça
Que triste me abraça
De vida
E de morte

Jorge Casimiro
"Raios de Vidas", livro editado pela APPC

10.11.08

Boa Acção de alguns dias atrás: doação de livros à biblioteca municipal da minha vila..
por um mundo melhor...sempre!
aconselho a fazerem o mesmo

_ Regresso a casa de Susanna Tamaro
_ Invocação ao meu corpo de Vergílio Ferreira
_ Acordo Ortográfico
_ Obras completas de Júlio Dinis
_ Daqui a nada de Rodrigo Guedes de Carvalho
_ Intoxicações
_ Intervenção pré-hospitalar para enfermagem
_ Introdução clínica à psicologia da saúde
_ Ética para um jovem de fernando Savater
_ as 323 adivinhas mais famosas
_ O que todas as mulheres devem saber sobre os homens
_ comer bem para viver melhor
_ tratamento natural das perturbações digestivas
_ Cozinha Natural
_ O profeta
_ Manter-se jovem
_ Pétalas d´Ouro de Assunção Alves

e mais se irão seguir concerteza....

21.10.08

Deixas Em Mim Tanto de Ti

A noite não tem braços
Que te impeçam de partir,
Nas sombras do meu quarto
Há mil sonhos por cumprir.

Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós,

Porque tu,
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.

A estrada ainda é longa,
Cem quilómetros de chão,
Quando a espera não tem fim,
Há distâncias sem perdão.

Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós,
Porque tu,

Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.

Navegas escondida,
Perdes nas mãos o meu corpo,
Beijas-me um sopro de vida,
Como um barco abraça o porto.

Porque tu,
Deixas em mimTanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.

Pedro Abrunhosa

14.10.08

E por fim...


Decidiu casar-se
e escolheu o dia 13 para a data a celebrar
foi em segredo e ninguém ainda sabe...
mas o dedo da mão esquerda denuncia mas logo graceja e diz:
é apenas uma aliança como muitas outras...

Vou para o nosso ninho de amor ter contigo amor
eu sei que vamos ser felizes e nada nem ninguém nos poderá deter no nosso objectivo em comun

Eu não quero ter um sonho
Quero ser um sonho
Mia Couto

8.10.08

O Sonho...




- Did you ever feel like you were disapearing?

- All the time!
(Anatomia de Grey)
Com o que não posso é mais com histórias que cansam a cabeça e fazem mal ao coração e me obrigam a tomar cada vez mais comprimidos. Comprimidos para adormecer. Comprimidos para acordar. Comprimidos para continuar, Aliás, lembro-me agora, tu tinhas uma piada engraçada sobre comprimidos. Dizias que tinham de se tomar sempre aos pares porque nem os comprimidos gostam de estar sozinhos.
Pedro Paixão " A noiva judia"

1.10.08




E tu? Escondes algum segredo? Não precisas de responder. Conhecemos a tua história. Vimos-te mesmo quando não nos vias. Vemos-te agora. Escondes algum segredo? Responde quando te olhares ao espelho. O teu rosto duplicado: o teu rosto e o teu rosto.
Quando vires os teus olhos a verem-te, quando não souberes se tu és tu ou se o teu reflexo no espelho és tu, quando não conseguires distinguir-te de ti, olha para o fundo dessa pessoa que és e imagina o que aconteceria se todos soubessem que só tu sabes sobre ti.
Nesse momento, estaremos contigo. Envolver-te-emos e estarás sozinho.


José Luís Peixoto " Antídoto"

(Sim, eu escondo um terrível segredo: amar-te sem saberes disso)

28.9.08

Não há motivo para te importunar a meio da noite.

Poema do livro "Gaveta de papéis" de José Luís Peixoto

P.S: A cada dia que passa dás-me mais vontade de desaparecer

22.9.08

A.M.C

No céu, se existe um céu para quem chora,
Céu, para as mágoas de quem sofre tanto…
Se é lá o amor, o foco, puro e santo,
Chama que brilha, mas que não devora

No céu, se uma alma nesse espaço mora,
Que a prece escuta e enxuga o nosso pranto…
Se há pai, que estenda sobre nós o manto
Do amor piedoso… que eu não sinto agora…

No céu, ó Virgem! Findarão meus males
Hei-de lá renascer, eu que pareço
Aqui só ter nascido para dores

Ali, ó lírio dos celestes vales!
Tendo seu fim, terão o seu começo,
Para não mais findar, nossos amores

Antero de Quental "Sonetos"

18.9.08

Conversas de Msn

RiTa *RiPoLin* diz:
ta giro o teu blog
RiTa *RiPoLin* diz:
gostei dos textos
RiTa *RiPoLin* diz:
assim um bocado complexos
RiTa *RiPoLin* diz:
e deprimentes
RiTa *RiPoLin* diz:
mas gosto
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
kd tiveres tempo tens de ver os arkivos
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
k tem maIs
RiTa *RiPoLin* diz:
isto e' demasiado pa um dia so.. mta carga "negativa"
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
eu disse kd tiveres tempo
RiTa *RiPoLin* diz:
nao se trata de tempo
RiTa *RiPoLin* diz:
trata-se de espirito
RiTa *RiPoLin* diz:
estou numa fase sensivel
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
ahh
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
te benne
RiTa *RiPoLin* diz:
essas coisas filosoficas abalam-me
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
tb a mim
RiTa *RiPoLin* diz:
seriamente
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
eu escrevo mt de akordo km tou
RiTa *RiPoLin* diz:
tmb eu.. mas geralmente so escrevo qd tou na merda
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
ya km eu
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
o k basicamente e konstante
RiTa *RiPoLin* diz:
estas num estado de "depressao" constante ?
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
yeps
RiTa *RiPoLin* diz:
a serio ?
RiTa *RiPoLin* diz:
tph um "no fundo do poço crónico" ?
RiTa *RiPoLin* diz:
como e' k e' possivel ?
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
e possivel
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
passas a ver as koisas destorcidas
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
e a viver numa constante melancolia em que q felicidade te incomoda
RiTa *RiPoLin* diz:
oh, entao e' uma opçao ?
RiTa *RiPoLin* diz:
um estilo de vida ?
RiTa *RiPoLin* diz:
nao sonhar muito alto, nao ter expectativas ?
RiTa *RiPoLin* diz:
pa nao cair de uma altitude colossal ?
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
ya
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
passas a ver o negativo km o uniko certo na tua vida
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
e kd o negativo te supreende
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
ves algo de bom
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
e fikas por momentos contente
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
mas dps voltas ao estado de negação das coisas
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
e da vida
RiTa *RiPoLin* diz:
mas isso de certa forma e' bom.. pk assim nao ha expectativas e assim nunca te desiludes, so te surpreendes pela positiva
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
ya
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
e vdd
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
mas e perigoso
RiTa *RiPoLin* diz:
tu es a reencarnaçao de ricardo reis ? o.O
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
axo k
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
identifico-me ms com Antero de Quental
RiTa *RiPoLin* diz:
ai, e' estranho
RiTa *RiPoLin* diz:
dsclp a indscriçao
RiTa *RiPoLin* diz:
mas tens alguma depressao ? assim.. uma cena medica qq ?
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
tenho
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
tou a ser medicada
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
sinto me melhor mas n saIo do meu abismo
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
constante
RiTa *RiPoLin* diz:
ai eu nao sabia nao fazia ideia sequer
RiTa *RiPoLin* diz:
pareces tao
RiTa *RiPoLin* diz:
sei la
RiTa *RiPoLin* diz:
tao alegre
RiTa *RiPoLin* diz:
tao viva
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
pois eu sei que enga bem
RiTa *RiPoLin* diz:
tao despreocupada
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
isso e um pouco para afastar tudo
RiTa *RiPoLin* diz:
a serio e nao tens qq tipo de nuvem negra a acompanhar-te es radiante
RiTa *RiPoLin* diz:
a serio
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
mas se convivesses comigo irias ver como eu realmente sou
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
radiante pa enganar
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
convem k ng saIba dessas coisas
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
(eu n tenho vergonha nenhUma)
RiTa *RiPoLin* diz:
achas mmo ? podes confiar em mim...
RiTa *RiPoLin* diz:
eu percebo
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
mas tentamos sempre disfraçar a podridao
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
que vaI ca dentro
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
a tristeza
RiTa *RiPoLin* diz:
mas nao ha necessidade de ninguem saber disso
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
pk afinal somos fortes e precisamos de nada nem de ninguém
RiTa *RiPoLin* diz:
pois, esse e' o meu lema (frustrado) de vida
RiTa *RiPoLin* diz:
pk realmente nao e' verdade
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
de todo
RiTa *RiPoLin* diz:
mas o pk desses pensamentos ?
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
precisamos maIs dos outros do que imaginamos
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
sei la
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
eu kresci a pensar as
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
sou as desde os 15 aNos
RiTa *RiPoLin* diz:
meu deus amadureceste muito depressa entao
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
ya
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
e aprendi as coisas
RiTa *RiPoLin* diz:
eu aos 15 anos nao pensava para alem do meu umbigo
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
sempre plo lado negativo
RiTa *RiPoLin* diz:
parecendo k nao mas em 3 anos cresci muito, muito, muito !
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
o que pode também explicar este estado
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
constante de negativismo e pessimismo
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
(k eu xamo de realismo)
RiTa *RiPoLin* diz:
mas pk ? nao entendo ! tiveste alguma coisa na tua vida k t fez.. sei la.. ser assim ?
RiTa *RiPoLin* diz:
nem sp...
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
talvez
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
tipo poukos amigos
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
sempre koisas negativas a frente dos meus olhos
RiTa *RiPoLin* diz:
poucos amigos ?
RiTa *RiPoLin* diz:
tu ?
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
s
[Gerinha... ]A menina dança? Sim..dancei! diz:
mt poukos

14.9.08

Um Domingo diferente

Após um longo dia normal como os outros (para mim não há diferenças de dias) de tarefas caseiras decidi vencer a monotonia e o resultado foi este:











Mesmo acabadinho de ir buscar ao quiosque da vila de manhã cedo (não fosse ele esgotar) através da promoção do Correio da Manhã, foi uma tarde intensa e diferente....

agora a curiosidade fica-se por Tropa de Elite (aceitam-se ofertas do DVD lol) e Julgamento também em promoção através do Correio da Manhã, mas só para Outubro. até lá vou pesquisando mais sobre as favelas

Com o cinema português sempre....pena não ver os filmes que tanto queria

alguém sabe de alguma sala que passe cinema português?

9.9.08

Hoje acordei assim


A vida é sacana. Sobretudo não é aquilo que nos disseram que era.
Por vezes, quando nos sentimos morrer, vemos como é disparatado saber que tudo vai acabar. Precisamente quando tínhamos descoberto alguém com quem podíamos falar.
Passamos a vida numa espécie de silêncio, numa mudez terrível que se quebra, ainda que raramente, diante de certas coisas que nos contaram e nos deslumbraram.
Mas é tarde. As coisas que nos deslumbraram eram efémeras, breves. E não se pode voltar atrás.

Mentir é necessário. É a melhor maneira de esconder o que há de doloroso na verdade.

Repara, através dos meus olhos descobrirás como é grande a tristeza do mundo. Apenas isso. E, quando aqui não estiveres, espetarei todas as facas que encontrar nas paredes febris da noite.
Al Berto " Dispersos"

4.9.08

Diferente? Sim Indiferente...Nunca ( eu fiz hoje a minha parte)



A Imprensa Nacional-Casa da Moeda lança uma iniciativa
de apoio à AMI com a moeda intitulada «Uma Moeda Contra
a Indiferença»



A Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) apoia a AMI (Assistência Médica Internacional)
com uma campanha Institucional ao associar a numismática à luta pela afirmação de valores
de solidariedade social e a apoiar entidades que se dedicam de forma abnegada e altruísta a
tais fins.
Apoiar a luta da AMI contra a doença e a fome no mundo é o propósito desta campanha «Uma
Moeda Contra a Indiferença» Integrada na série de moedas «Uma Moeda Uma Causa»
A moeda da autoria do escultor José Cândido tem o valor facial de €1,5, com emissão de 5 000
exemplares em prata, com acabamento Proof (Prova Numismática), apresentada em estojo
com certificado de garantia numerado; e com emissão de 300 000 exemplares em cuproníquel
com acabamento FDC (Flor de Cunho) apresentada em carteira ilustrada com forma de
marcador de livro.
Pela venda de cada moeda na versão FDC (Flor de Cunho) por 5 euros (IVA Incluído), a INCM
dará à AMI 1 euro. Com esse euro, a AMI tratará seis crianças em idade pré-escolar com
malária. No final desta campanha, a AMI receberá meios para tratar 1 800 000 crianças.
Estas moedas poderão ser adquiridas nas lojas da INCM, na sua loja on-line ou nos seus
parceiros de comercialização deste projecto; Caixa Geral de Depósitos, Montepio Geral e
Caixa de Crédito Agrícola Mútuo
Desde a sua fundação em Dezembro de 1984 que a AMI (Assistência Médica Internacional)
trava uma luta contra as duas doenças mais graves do mundo: a intolerância e a indiferença,
as quais considera estar na origem do facto de três quartos da população mundial viver de
forma indigna.
A dignificação da vida humana é o principal objectivo do trabalho da AMI, que tem como
principio a saúde física, mental, social e ambiental.
O seu trabalho assenta em quatro pilares: a Acção Internacional, em favor das vitimas de
guerras, catástrofes e da pobreza extrema; a Acção Nacional em favor dos excluídos sociais; a
Acção de Alertar Consciências sensibilizando a opinião publica para uma indignação activa em
relação a temas preocupantes do nosso mundo (paz, justiça, ambiente, etc.) e os direitos
humanos; a Acção Ambiental na qual demonstra que cuidar da saúde é também cuidar do
ambiente.
A AMI depende maioritariamente dos fundos que angaria junto da sociedade civil, garante da
sua independência financeira e liberdade de acção.

2.9.08

Noite


Nas correntes frias onde morre a luz dos astros,
e entre os grilos rápidos dos condenados, encontrei o reflexo
de amor antigo. Deixou-me um gosto de sangue nos dentes,
os lábios gretados num roxo de ânsia. Rasgou-se a alma
num seco crepitar de papel. Estava imóvel, encostado aos ventos
e às marés, e o seu corpo exalava o cheiro húmido dos litorais.
Falava
Baixo, num segredo de sombra, num horizonte de bocas
sem alegria,
arrastando a voz num sussurro de litania. Fiquei de longe,
a olhar, enquanto o sol nascia.


Nuno Júdice "Obra Poética"

25.8.08

Mais do mesmo

este miúdo encanta-me.. valeu a pena conhecer a sua música

19.8.08

Sam Sparro and Katy Perry - Black and Cold (Remix)

Porque hoje estou num dia não...não quero pensar...ouvi apenas esta música e fiquei melhor

8.8.08


Vigia a linha do horizonte, como se tivessem destinado o trabalho árduo de adivinhar o que se esconde para lá dessa linha.
Viaja na asa nocturna do oceano, habitante do país onde perdemos a inocência.

(lembro-me – como se fosse agora – a tarde caía sobre o mar, e a sombra dos barcos afundava-se na sombra mais espessa da noite.
Eu afundava-me em ti – mas quando de novo acordei nada restava do que conhecêramos.
Do sol apenas ficara a palavra sol escrita a giz numa parede da memória. Sem incandescência, óssea. Polida pelo remoto vento do esquecimento.)

Quem está aí para morrer?
Quem está aí para a travessia dos vastos oceanos?

(A janela aberta, o copo de cerveja, a noite – sempre a noite ecoando passos, vozes, silêncios.
A mão, a tua mão quase líquida cercando o sexo. A língua na humidade doutra língua. O corpo celebrando a vida doutro corpo.)
Al Berto " Dispersos"

3.8.08

A menina dança?(Parte II)

- A menina dança?
- Sim, dancei!Porquê?
- Pareceu-me reconhecê-la no Sábado no Anfiteatro.
- Há muitas maneiras de se reconhecer uma pessoa... através do olhar, do cheiro, do cabelo, do falar...
- Está bem!

O amor da minha vida para sempre...
É tão bom sentir o teu amor puro e inocente
Amo-te e amar-te-ei para sempre meu amor... essa é a única certeza que tenho na vida

23.7.08

3.7.08



Não!
Não me censuro.
Fecho os olhos e encosto a minha cara no espelho.
Sei que está lá e não pode desaparecer.
Não!
A insónia não me quer devolver à cama, ao sono profundo, ao descanso.
Sou eu…
Não quero acordar…
Deixa-me estar assim à vontade do acaso.
Pega nas minhas mãos.
Que te parecem?
Gastas, belas, inúteis, umas simples mãos?
As minhas mãos já suportaram muito frio, já pegaram
Em muito peso, já trabalharam muito…
Agora estão aqui inúteis no desalento da noite
Não são puras, não são belas, são as minhas mãos
E ninguém mas pode tirar
É o que resta da vida que vivi até hoje

26.6.08


É preciso dizer alguma coisa?

10.6.08

The Last Song I'm Wasting On You

The Last Song I'm Wasting On You - Evanescence


1.6.08



Virei as costas a quem não merece ver o meu sorriso
Lamento a minha ausência... mas é inevitável a minha separação de mim...

30.5.08

Teremos tido o que alguma vez julgamos ter perdido?
Quisemos a presença permanente mas nunca a tivemos
Nalgum momento feliz nalgum lugar propício
Amámos a integridade de um corpo como uma chama de universo
Mas esse momento durou com a verde intensidade de um
(bosque
E foi como se tocássemos o tronco de uma estrela
Em breve se apagou o lume que dançava em flutuantes corpos
No entanto se a cinza se acendia
Com a pontiaguda e frágil boca de um desejo obstinado
O mundo podia ondular como um harmónio verde
Em que as sombras e o sol e o mar ao fundo
Constituíam o lugar privilegiado de um sentir
Que se inebriava com as mescladas manchas
Que a luz e a penumbra espalhavam sobre os cavalos
Que pastavam tranquilamente entre os castanheiros
Era uma visão simples mas uma visão total
Porque as figuras tinham o timbre tranquilo do silêncio
Nós explorámos estas zonas de respiração plácida
E penetrámos às vezes numa clareira entre giestas vermelhas
Com a sensação de que podíamos tocar o ouvido de veludo do
(mundo
Mas isto tudo eram explorações intervalares
Que não anulavam o que sobrava sempre
Porque era o inexorável depois o incessante efectivo
E agora perguntamos
Como pode a vida ter passado como uma nuvem obscura
E continuar a passar
Como se não fôssemos mais do que folhas de cinza
Procurámos estar onde estávamos
Mas era tão difícil manter em equilíbrio a coluna do silêncio
Tão desejável no entanto como entrar
No interior de um ovo de veludo
E hoje entre as violentas garras
Que pela sua exacerbação parecem derradeiras
Ainda procuramos a sabedoria de estar
Sem qualquer esperança
Esperando no entanto a delicadeza extrema
Dessa presença aérea que não é nada
Porque é simplesmente a ilusão do mundo liberta na visão do
(desejo


António Ramos Rosa " Deambulações oblíquas"

25.5.08

A vida

A vida, as suas perdas e os seus ganhos, a sua
Mais que perfeita imprecisão, os dias que contam
Quando não se espera, o atraso na preocupação
Dos teus olhos, e as nuvens que caíram
Mais depressa, nessa tarde, o círculo das relações
A abrir-se para dentro e para fora
Dos sentidos que nada têm a ver com círculos
Quadrados, rectângulos, nas linhas
Rectas e paralelas que se cruzam com as
Linhas da mão;


A vida que traz consigo as emoções e os acasos,
A luz inexorável das profecias que nunca se realizaram
E dos encontros que sempre se soube que
Se iriam dar, mesmo que nunca se soubesse com
Quem e onde, nem quando; essa vida que leva consigo
O rosto sonhado numa hesitação de madrugada,
Sob a luz indecisa que apenas mostra
As paredes nuas de manchas húmidas
No gesso da memória;

A vida feita dos seus
Corpos obscuros e das suas palavras
Próximas.

Nuno Júdice " Teoria Geral do Sentimento"

13.5.08

Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra.· O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.

Elogio do Amor - Miguel Esteves Cardoso

9.5.08

Deus escreve direito


Deus escreve direito por linhas tortas
E a vida não vive em linha recta
Em cada célula do homem estão inscritas
A cor dos olhos e a argúcia do olhar
O desenho dos ossos e o contorno da boca
Por isso te olhas ao espelho:
E no espelho te buscas para te reconhecer
Porém em cada célula desde o início
Foi inscrito o signo veemente da tua liberdade
Pois foste criado e tens de ser real
Por isso não percas nunca teu fervor mais austero
Tua exigência de ti e por entre
Espelhos deformados e desastres e desvios
Nem um momento só podes perder
A linha musical do encantamento
Que é o teu sol tua luz alimento


Sophia de Mello B. "O búzio de cós e outros poemas"

6.5.08



E hoje quem sou eu?
You don´t have to worry about me...
Sory.. I´ll do it again

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos.
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.

Vinicius de Moraes
Gosto de coisas tristes mas contentes. Não disse isto, desculpa, o que quero dizer é que gosto de coisas felizes, mas tristes. Ora, “a mesma coisa”, dirás! Talvez, mas o que te quero revelar é que sinto que sempre gostei de chorar quando estou alegre. A tristeza mais bela de todas é a felicidade com lágrimas nos olhos.
( Fernando Alvim)

4.5.08

Uma das minhas preocupações constantes é o compreender como é que outra gente existe, como é que há almas que não sejam a minha, consciências estranhas à minha consciência, que, por ser consciência, me parece ser a única. Compreendo bem que o homem que está diante de mim, e me fala com palavras iguais às minhas, e me fez gestos que são como eu faço ou poderia fazer, seja de algum modo meu semelhante. O mesmo,porém, me sucede com as gravuras que sonho das ilustrações, com as personagens que vejo dos romances, com as pessoas dramáticas que no palco passam através dos actores que figuram.

Ninguém, suponho,admite verdadeiramente a existência real de outra pessoa. Pode conceder que essa pessoa seja viva, que sinta e pense como ele; mas haverá sempre um elemento anónimo de diferença, uma desvantagem materializada. Há figuras dos tempos idos,imagens espíritos em livros, que são para nós realidades maiores que aquelas indiferenças incarnadas que falam connosco por cima dos balcões , ou nos olham por acaso nos eléctricos, ou nos roçam,transeuntes, no acaso morto das ruas. Os outros não são para nós mais que paisagem, e, quase sempre, paisagem invisível de rua conhecida.

Tenho por minhas, com maior parentesco intimidade, certas figuras que estão escritas nos livros, certas imagens que conheci de estampas, do que muitas pessoas, a que chamam reais, que são dessa inutilidade metafísica chamada carne e osso. E “ carne e osso”, de facto, as descreve bem; parecem coisas cortadas postas no exterior marmóreo de um talho, mortes sangrando como vidas, pernas e costelas de Destino.

Não me envergonho de sentir assim porque já vi que todos sentem assim. O que parece haver de desprezo entre homem e homem, de indiferente que permite que se mate gente sem que se sinta que se mate, como entre os soldados, é que ninguém presta a devida atenção ao facto, parece que abstruso, de que os outros são almas também.


Livro Do Desassossego

1.5.08

Amália - Abandono

David Mourão Ferreira neste poema fez homenagem aos presos politicos do anterior Regime Português, que eram deportados para o campo do Tarrafal nas Ilhas de CaboVerde, Alaín Oulman, fez esta música tão envolvente que até uma pessoa se arrepia ao uvir a Grande Amália, em uma das suas mais belas criações.

27.4.08


Até que a morte nos separe*

22.4.08




Não me procures
Não sei qual o meu destino
Procuro a imensidão deste mundo tão pequeno
Sou uma rebelde em mim, em nada e em ninguém
Tenho como meta o infinito o nada o absoluto a certeza do ser quem nunca fui
Quero fazer do palco a minha vida
Ser uma personagem diferente todos os dias
Rir,Chorar,Gritar sem medo
Apregoar a lenda mais bela
Cantar a canção mais absurda
Não me condenes por ser assim
Não quero um mundo igual a toda a gente
Quero ser livre e voar para bem longe daqui
Para um lugar onde não me encontres
Para um lugar infinito onde o presente e o futuro nunca exista
Quero ser assim em mim
Deixa-me ser feliz

16.4.08

CARTA A MEUS FILHOS sobre os fuzilamentos de Goya

Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente â secular justiça,
para que os liquidasse «com suma piedade e sem efusão de sangue.»
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de urna classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.
Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadela de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen
a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de té-1a.
É isto o que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém
está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga
- não hão-de ser em vão. Confesso que
multas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam «amanhã».
E. por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.

Jorge de Sena

10.4.08

Porcupine Tree Don't Hate Me


A light snow is falling on London

All sign of the living has gone

The train pulls into the stations

And no-one gets off and no-one gets on


Don't hate me

I'm not special like you

I'm tired and

I'm so alone

Don't fight me

I know you'll never care

Can I call you on the telephone, now and then?


One light burns in a window

It guides all the shadows below

Inside the ghost of a parting

And no-one is left, just the cigarette smoke

30.3.08


Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu and
oa limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco.
Mário Cesariny

27.3.08

Dia Mundial do Teatro

Existem várias hipóteses sobre as origens do teatro, mas aquela que mais questiona o meu espírito tem a forma de uma fábula:

Uma noite, em tempos imemoriais, um grupo de homens tinha-se reunido numa pedreira para se aquecer à volta de uma fogueira a contar histórias. Quando de repente, um deles teve a ideia de se levantar e usar a sua própria sombra para ilustrar a sua história. Socorrendo-se da luz das chamas, fez aparecer nas paredes da pedreira figuras maiores do que o natural. Os outros, deslumbrados, foram reconhecendo o forte e o fraco, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal.

No nosso tempo, a luz dos projectores substitui a luz da fogueira original e a maquinaria de cena as paredes da pedreira. E com todo o respeito por certos puristas, esta fábula recorda-nos que a tecnologia está na verdadeira origem do teatro, que não deve ser considerada como uma ameaça, mas como um elemento congregador.

A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de reinventar-se, utilizando novas ferramentas e novas linguagens. Caso contrario, como poderia o teatro continuar a ser o testemunho dos grandes embates da sua época e promover a compreensão entre os povos, se ele mesmo não desse prova de abertura? Como poderia orgulhar-se de oferecer soluções para os problemas de intolerância, de exclusão e de racismo, se, na sua própria prática, se recusasse à mestiçagem e à integração?

Para representar o mundo com toda a sua complexidade, o artista deve propor formas e ideias novas e mostrar confiança na inteligência do espectador capaz de reconhecer, ele próprio, a silhueta da humanidade nesse jogo perpétuo de luz e sombra.


É verdade que, por brincar demais com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas pode também ter a possibilidade de deslumbrar e de iluminar.



ROBERT LEPAGE
QUEBEC

26.3.08

Amnesty International | Your signature is more powerful than

Vale mesmo a pena pensar nisto

Basta de indiferença

16.3.08

O melhor será não voltarmos a ver-nos. O tempo prega-nos constantes partidas e chegadas. Tu chegaste quando julguei que mais ninguém chegaria.
Com o meu pequeno coração no centro do meu corpo líquido fui perdendo qualquer esperança.
Uma a uma.
Na vida que vai sucedendo aos dias.
Na desilusão que tudo vai apagando e assim o merece.
Mesmo na vitória há um pouco de fim, porque toda a vitória é efémera e não volta.
Vi-te a sair. Disse o teu nome.
Não te viraste.Talvez não fosses tu.

Pedro Paixão " Ladrão de Fogo"

11.3.08


Tudo o que sagrado existe, tudo o que de profano me abraça, é apenas amor sem dor,dor sem amor.Hipnotizado pelos olhos da escuridão, quero procurar a penumbra e conhecer o sonho da vida. A minha alma leva-me para demasiado longe,apodreço dentro do meu próprio caixão, o céu puro arde e une-se ao inferno. Um estranho circuito nasce e cobre a Humanidade.


Daniel Sampaio "Lições do Abismo"

23.2.08






"Não hei-de morrer sem conhecer a cor da liberdade" (Jorge de Sena)

20.2.08

18.2.08

Mudar


Hoje é um dia especial...

Hoje alguém teve paciência para dispender do seu tempo e me ensinar uma verdadeira lição de vida que já não ouvia à muito.

Por ti eu juro que vou tentar e ficarás orgulhoso de mim.

Espero que este dia seja um dia a mais nas nossas vidas.

Quero que me digas que valeu a pena...








(Basta esquecer que te conheço, não me lembrar de

nada que me faça sofrer)


22.1.08

14.1.08



Dying Slowly