22.1.09


Tento proteger-me do que me rodeia. Ignoro tudo numa tentativa inútil de recomeçar novamente a viver.

Aqui te deixo, como herança, o selo luminoso. O fim e o início. A carta que não tem resposta. Carta onde o silêncio enegreceu o que nela vai escrito.
Abre o envelope com cuidado, não deixes os olhos mergulharem no ácido das sílabas. Ou não a abras. Sai para a rua, deita fogo aos jardins – mas não a abras e acorda.
Desce os quatro andares a correr. Vais ver que a caixa do correio está vazia, e a morte continua a assolar-te – a prazo.


Al Berto " Dispersos"

1 comment:

Amaral said...

Selo sombrio e distante, angustiante, vazio de vida...
Acho que não gostaria de ler uma carta assim...