1.6.06

todo o amor do mundo não foi suficiente porque o amor não serve
de nada.ficaram só
os papéis e a tristeza,ficou só a amargura e a cinza dos cigarros
e da morte.
os domingos e as noites que passámos a fazer planos não foram
suficientes e foram
demasiadas porque hoje são como sangue no teu rosto,são como
lágrimas.
sei que nos amamos muito e um dia,quando já não te encontro e em
cada instante,em cada hora,
não irei negar isso.não irei negar nunca que te amei.nem mesmo
quando estiver deitado
nu,sobre os lençois de outra e ela me obrigar a dizer que
a amo
antes de a foder.

José Luís Peixoto " A criança em ruínas"

4 comments:

Anonymous said...

humm

mai nada

Anonymous said...

A raiva tem a mesma legitimidade de qualquer outra emocao humana - facilmente reconhecemos nas palavras do poeta o mesmo tipo de desespero que situacoes analogas nos fizeram (porventura) sentir. Mas tambem se torna necessario reconhecer que a expressao desse mesmo poeta peca por ser tao pobre, tao banal, tao quotidiana. Talvez por isso, fique a sensacao de que nada de relevante foi acrescentado e que foi em vao - porque desnecessario - o esforco do Jose Peixoto para exprimir o evidente: quem amou nao esquece.

mitro said...

Há ali outra verdade escondida que tenho repetido inúmeras vezes: Amamos quantas pessoas quisermos! Porque amar depende da nossa vontade.

hala_kazam said...

já tinha lido este texto...mas confesso que hoje me fez um bem especial

*beijo*