18.6.06

Aqui me tens inútil
cheia de palavras
perto de ti tão longe
mastigando todas as pétalas
dos teus crisântemos
afiando solos de violino
para me suicidar.

Descubro de novo as lágrimas
esquecidas no fundo das grutas
o trémulo grito do silêncio.

Anoiteço à procura dos dias
que as gaivotas beberam.

E a tua voz sem corpo
súbita e descuidada
enche-me as ancas de bagos de romã.

Rosa Lobato Faria " As pequenas palavras"

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