Já há algum tempo que George deixou de trazer-lhe flores ou outros presentes.Actualmente,não há nada de significativo que possa trazer do exterior para este quart; nem mesmo ele próprio.Tudo o que lhe interessa agora está aqui neste quarto,onde está absorvida no processo da morte.Contudo, a sua preocupação não parece ego´sita; não exclui George ou qualquer outra pessoa que se dê ao trabalho de compartilhá-la.Esta preocupação é com a morte, etodos nós podemos partilhá-la,em quaçquer altura, em qualquer idade,doentes ou sãos. George senta-se agora a seu lado e pega-lhe na mão. Se o tivesse feito à dois dois meses atrás,ter-se-ia tratado de um gesto terrivelmente falso./(Uma das suas recordações mais amargas e vergonhosas tem a ver com uma vez em que a beijou na face-foi uma agressão,um acto de masochismo?Oh,raios partam todas estas palavras!- exactamente depois de descobrir que ela fora para a cama com Jim.Jim estava presente quando isso aconteceu. Quando George se encaminhou para ela para a beijar, Jim fez um ara espantado e assustado,como se receasse que George fosse mordê-la como uma cobra.)Mas agora não está a ser falso ao pegar na mão de Doris,nem mesmo a cometer um acto de compaixão.É necessário-desco- brui-o em visitas anteriores-a fim de estabelecer um contacto mesmo que parcial.E ,ao pegar-lhe na mão,sen- te-se embaraçado coma sua doença,pois esse gestes signi- fica estamos no mesmo barco,em breve seguir-te-ei.Deste modo estará desculpado pelo facto de ter de fazer aquelas perguntas horríveis que se fazem aos doentes.Como está? Como estão a correr as coisas?Como se sente? Doris esboça um sorriso débil.Será poque lhe agrada Que ele tenha vindo? |
ISHERWOOD " Um Homem no singular"
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