25.11.07

Um regresso de viagem


Ao fim de umas horas de estrada digo “amo-te”,
e tu, com a mão esquerda, apoias o corpo ao muro,
com a mão direita seguras-me o ombro. Eu
concluiria desse facto que a minha própria vida
se iria passar sem direcção certa,
mas não foi assim, ou por outra,
tenho conhecido os aspectos sucessivos
de um problema então iniciado.
Por fim deixaste-me em frente ao café,
compraste cigarros ao balcão
apanhaste o autocarro para casa.
Eu, voltando ao cais, passei o resto da tarde
a ver os pescadores, no intervalo da partida,
levantarem do mar as grandes âncoras esquizofrénicas.

Nuno Júdice " Obra Poética"


1 comment:

Amaral said...

Um regresso...
Segurou-lhe o ombro e uma vida pareceu rumar sem rumo...
Nuno Júdice, aqui trazido, em jeito tranquilo...