Querida Marta,
Tenho dado tudo por tudo para me aguentar, mas é tão difícil! O doutor Gonçalves( o meu novo psicólogo) diz que vou conseguir, mas não sei se é apenas para me encorajar.Deve ser uma táctica dos psicólogos para fazer de conta que toda a gente é capaz de tudo.
Seja como for,preciso de acreditar nele, já que em mim não acredito.Insiste em que tenho de desabafar,partilhar. O quê? com quem ?
Esta tarde,quando estava a baloiçar-me na minha lua,olhei para o pulso esquerdo e tive vontade de arrancar a pele para a tatuagem sair.Agora é tarde demais.O meu relógio continua parado nas zero horas de um dia que ainda não chegou.Quem poderá dar-lhe corda ?
Estou contente por não ter vendido a tua colecção de caléidoscópios, mas a verdade é que também não sei se seria fácil arranjar comprador, não sei se estes tubinhos mágicos têm aquilo a que se chama valor comercial.
Contigo sou sempre sincera, mas só contigo.
A minha mãe tem feito um esforço para falar comigo, mas não tem jeito, não é por mal.Falta de hábito...quando não sabe que assunto puxar, pôem-se a falar das clientes da loja, as Xaxões, as Pituchas, as Ninis, as Dadinhas, as Coitadinhas... O meu pai anda triste, mas não diz nada.No outro dia, quando olhou para mim percebi que se comoveu(talvez por eu estar muito magra) mas segue à risca o velho ditado " um homem não chora" e disfarça, põe um sorriso de plástico e faz de conta que está a correr tudo bem. Tenho pena do meu pai, tenho mesmo muita pena.Deve ser frustrante ter uma filha como eu, pior ainda do que ser pai do Pré-histórico, embora me custe um bocado a admiti-lo.
O meu quarto está atafulhado de coisas inúteis e não gosto da nova janela que colocaram para substituir a que eu parti o mês passado, num dia em que quis " voar" daqui para fora( mais um dia para esquecer...).
Que será feito do diogo?Também não sei nada do Luís, da Sara, das gémeas...Só o João pedro é que telefona de vez em quando,sempre animador" Daqui a uns dias já estás na maior,miúda, vais ver. É só uma questão de tempo". Tempo, o eterno enigma que eu gostav de desvendar...Disse-me também que quer vir ver-me, mas prefiro que ele não me veja assim.
Não saberia como explicar-lhe, e ele haveria de achar-me a pessoa mais estúpida, mais incoerente e mais absurda do planeta. Basta ouvi-lo ao telefone para perceber que não me perdoa. Não posso criticá-lo por isso.
Eu também não me perdoo. Em contrapartida,já consegui perdoar-te Marta.Finalmente!Ainda não compreendi as tuas razões(e talvez nunca venha a compreênde-las),mas devem ter sido fortes.Apesar de continuar a pensar que a tua família é melhor do que a minha,talvez tu tivesses descoberto algo de muito errado,alguma coisa que não conseguiste partilhar(a palavra que o meu psicólogo mais usa) com ninguém, nem comigo.Deve ter sido alguma verdade demasiado demasiado terível.Quanto a mim,já sei o que descobri.Descobri que a lógica só existe em matemática e que tudo é tão absurdo que só estamos em paz a dormir(quando não se tem sonhos como eu tenho) e descobri ainda que o meu melhor amigo é um cão( sempre é melhor do que não ter amigos, não é?).
Ás vezes lembro-me de como eu tinha a mania de ser perfeita e isso dá-me vontade de rir.As ideias ridículas que me vinhas à cabeça! Tanta coisa que eu não sabia à um ano atrás!Que ignorante que eu era!
Quando fizemos,lá na escola,aquela peça de teatro inspirada em ti,Os Amigos da Onça,o ano passdo,nunca imaginei que fosse tão fácil uma pessoa passar-se para lá,para o lado onde tu passate,o lado que eu sabia que estava ERRADO! quis tanto compreender tudo aquilo que te tinha acontecido,aquilo por que tinhas passado quando te afastaste de toda a genta que acabei por seguir um caminho muito parecido,talvez mesmo igual.Fui muito injusta por te ter condenado,criticado e até odiado,Marta.Acho que aprendi.Espero que não seja tarde.
Um beijo da
Joana
Maria Teresa Maia gonzalez " A Lua De Joana" ( o livro que conta em parte a minha história)
28.1.06
faz um ano que comecei nesta onda dos blogs.....
um muito obrigada a todos os que por cá passam e me tem dado muita força para seguir em frente neste caminho duro......
sinceramente nao pensei que ia aguentar muito tempo..mas acabou por se tornar o meu diário público..onde muito de mim cá está......onde as vezes uma lágrima cai quando escrevo..um sorriso esboço quando estou contente.....(apesar de ser uma pessoa triste)...
peço desculpa se alguam vez magoei alguém mas não foi por mal....é dificil aguentar...
mas continuarei a escrever porque descobri que isto alivia a minha dor e me ajuda melhor a passar a solidão
MAKE LOVE...FUCK THE WAR
um muito obrigada a todos os que por cá passam e me tem dado muita força para seguir em frente neste caminho duro......
sinceramente nao pensei que ia aguentar muito tempo..mas acabou por se tornar o meu diário público..onde muito de mim cá está......onde as vezes uma lágrima cai quando escrevo..um sorriso esboço quando estou contente.....(apesar de ser uma pessoa triste)...
peço desculpa se alguam vez magoei alguém mas não foi por mal....é dificil aguentar...
mas continuarei a escrever porque descobri que isto alivia a minha dor e me ajuda melhor a passar a solidão
MAKE LOVE...FUCK THE WAR
8.1.06
W.B yeals em rapalho
A janela fechada não exala barulho.Uma luz estranha
atravessa o ar.Ouço-me, de súbito, contra o fundo de
ruídos diversos.Os objectos saem do quotidiano torpor,
e uma voz surge enquanto a luz, matinal,parece lembrar
que nada é como antes foi.
E se resolvo sair da cadeira, onde estou
e escrevo, para me aproximar da fugaz precipitação
luminosa, já esse gesto me afasta em
direcção ao movimento da vida.Encontro o que é presente,
e me implica até por fim voltar as costas
ao raciocínio e à própria poesia. O que antes foi,
e se perde na descida para o instante agora vivido
é, porém, o que me atrai e dispersa.
Por quanto tempo ficarei ainda no turvo charco
da memória ?
( Mas o seu objectivo era descobrir
estados de espírito imortais nos desejos mortais,
uma esperança imperecível nas nossas ambições
fúteis...)
Nuno júdice( O meu poeta favorito) " Obra poética"
atravessa o ar.Ouço-me, de súbito, contra o fundo de
ruídos diversos.Os objectos saem do quotidiano torpor,
e uma voz surge enquanto a luz, matinal,parece lembrar
que nada é como antes foi.
E se resolvo sair da cadeira, onde estou
e escrevo, para me aproximar da fugaz precipitação
luminosa, já esse gesto me afasta em
direcção ao movimento da vida.Encontro o que é presente,
e me implica até por fim voltar as costas
ao raciocínio e à própria poesia. O que antes foi,
e se perde na descida para o instante agora vivido
é, porém, o que me atrai e dispersa.
Por quanto tempo ficarei ainda no turvo charco
da memória ?
( Mas o seu objectivo era descobrir
estados de espírito imortais nos desejos mortais,
uma esperança imperecível nas nossas ambições
fúteis...)
Nuno júdice( O meu poeta favorito) " Obra poética"
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