27.10.05

Voz do Outono

Ouve tu,meu cansado coração;
O que te diz a voz da natureza:
-" Mais te valera,nu e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima solidão,

Ter gemido,ainda infame,sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel devessa,
Do que embalar-te a Fada da beleza,
Como embalou,no berço da ilusão!

Mais valera à tua alma vizconária
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hóstil e a turba vária,

(Sem ver uma só flor,das mil,que
amaste)
Com ódio e raiva e dor...que ter sonhado
Os sonhos ideias que tu sonhaste"

Antero de Quental " Sonetos"

25.10.05

vamos separar-nos.nada nunca mais me trará
os teus olhos ou os teus dedos ou tantas coisas
que eram palavras.nada, nunca mais,manhã após
manhã,te mostrará o meu rosto a acordar.nem as
estrelas,nem a cama antes de adormecer.nada.
vamos separar-nos,e nada nunca mais nos poderá
unir,nem mesmo o tempo,nem mesmo a morte

José luís peixoto " A criança em ruínas"

4.10.05

passem por opiniaosincera.blogspot.com...comentem as taxas de música portuguesa nas rádios...vale a pena..... ler ou não
o último post
até breve

Soneto da hora final

Será assim amiga! um certo dia
estando nós a contemplar o poente
sentiremos no rosto de repente
o beijo de uma aragem fria

Tu me olharás silenciosamente
e eu te olharei,também com nostalgia
e partiremos tontos de poesia
para a porta da treva aberta em frente.

Ao tranpôr as fronteiras do segredo
tu calam me dirás: não tenhas medo,
e eu calmo te direi: sê forte,

e como dois antigos namorados
noturnamente tristes e enlaçados
nós entraremos nos jardins da morte

Vinicuis de Moraes
Ao ângelo que tanto gosta de vinicius..beijo amigo