28.9.05

Vejo-te com um olhar de incerteza nos subúrbios do nada.
Paraste...olhaste e ficaste por cá.
Sombras perseguem o destino à tua procura.
Que fizemos nós do mundo...da vida ?Onde está o nosso paraíso solitário?
Onde estamos nós meu amor?
O que deixaste para trás, que eu não via desaparecer na memória?O nosso percurso acabou.
Estamos assim solitários,à espera que o vento nos leve para longe.
Mas há muito tempo que chovem as nossas lágrimas e espalham-se no corpo duro de tempo.Nem o sol brilha no nosso olhar triste.

16.9.05

Parto para melhor te encontrar.
A viagem é outra forma de habitar o tempo,descobrindo os outros.
Devastando-me no interior da memória ardente.
A solidão é-me agora necessária,como um líquido leve que me transporta para o instante que gostaria de tornar eterno.Perturba-me ainda o ardor, o corpo dobrado ao peso da ternura. O irremediável.
Restauro a palavra que me fala incessantemente de ti.
Bebo-te na memória.

Maria Graciete Besse "mulher sentada no silêncio"